A Estação Ferroviária

A Estação Ferroviária

Estação Ferroviária de Pocinhos – Construída na década de 50.

HISTÓRICO DA LINHA:

O ramal de Campina Grande teve seu primeiro trecho entregue em 2 de outubro de 1907, entre a estação de Itabaiana, na linha da Great Western que ligava Recife a Natal, e a cidade paraibana de Campina Grande. Do outro lado do Estado da Paraíba, entre 1923 e 1926, a Rede de Viação Cearense alcançava a cidade de Souza, partindo de sua linha-tronco que ligava Fortaleza a Crato, no Ceará, a partir da estação de Arrojado.

De Souza, a RVC avançou até Pombal (1932) e depois a Patos (1944). O trecho de 164 km entre Patos e Campina Grande somente seria entregue ao tráfego em 1958, e era justamente esta a linha que ligava o Nordeste Ocidental ao Oriental, ou seja, o Ceará ao resto do Brasil. Hoje este ramal é um dos mais movimentados, em termos de cargueiros, do Nordeste, ligando Recife a Fortaleza e dali a São Luiz do Maranhão. O tráfego de passageiros no ramal foi desativado nos anos 1980.

A CONSTRUÇÃO DA ESTAÇÃO:

Por muitos anos, desde os anos 1920, a cidade de Pocinhos esteve destinada a ser passagem da linha que ligaria a Paraíba ao Ceará (E. F. Ceará-Paraíba). Em 1922, havia intensas obras da ferrovia na região, abandonadas logo em seguida. Quem cuidava na época de boa parte das ferrovias do Nordeste, inclusive dali, era o IFOCS (Instituto Federal de Obras contra as Secas) e a ferrovia ali estava sendo construída não somente como ligação dos dois Estados como também para facilitar a construção dos diversos açudes no Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte que também estavam sendo construídos na época.

Com o abandono do projeto todo por Artur Bernardes, Presidente da República empossado em novembro de 1922, alegando falta de dinheiro, a ligação também parou, sendo retomada somente nos anos 1950, porém, não a ligando Alagoa Grande a Pocinhos, como seria em 1922, mas sim Campina Grande a Pocinhos, e dali a Patos, onde a ferrovia já estava desde os anos 1920.

ACIMA: Obras da E. F. Ceará-Paraíba, próximas a Pocinhos, em 1922. Tudo foi abandonado poucos meses depois, com a posse do Presidente da República, Arthur Bernardes, em novembro desse ano (Revista Illustração Brasileira, setembro de 1922).

A estação de Pocinhos foi inaugurada em 1958 (ou em 1954, quatro anos antes da linha funcionar oficialmente, segundo Jonatas Rodrigues) pela RFN (Rede Ferroviária do Nordeste), na ligação ferroviária Patos-Campina Grande

Por muito tempo a estação serviu de parada para passageiros no ramal de Campina Grande. Também era por ela que se exportava o maior produto da região, o sisal, para o porto de Cabedelo, proporcionando inúmeros benefícios para a cidade de Pocinhos

Infelizmente, depois da privatização da RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.) em 1997, o produto não pôde ser mais exportado através da estação.

A ESTAÇÃO NO FILME “CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS”

Em 2005, a estação serviu de cenário no final do filme “Cinema, Aspirinas e Urubus”. Com três erros históricos graves, já que a história do filme ocorre 1942.

Em primeiro lugar, a estação somente foi inaugurada em 1958. Em segundo lugar, em 1942 a Great Western não tinha locomotiva diesel alguma. Na verdade, a estação tendo sido aberta em 1958, a Great Western jamais passou com seus trens por ali, somente o fez a RFN. Por fim, no filme, o trem se dirigia a Fortaleza, que, na época, não tinha qualquer ligação ferroviária com Pocinhos.

ACIMA: Em cena do filme “Cinema, Aspirinas e Urubus”, de 2005, aparece a estação de Pocinhos, supostamente tendo se passado em 1942, e a chegada de uma RSA da Great Western.

SITUAÇÃO ATUAL DA ESTAÇÃO

Em 2009, o prédio servia como moradia. A vila ferroviária também estava de pé. Já o armazém estava em ruínas, já sem o teto.

Em 2018, estavam ambos os prédios em ruínas.

(Fontes: Jonatas Rodrigues, 2006-9; Carlos Roberto de Almeida; filme “Cinema, Aspirinas e Urubus”, 2005; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Mapa – acervo R. M. Giesbrecht)