Pocinhos é acusada de fazer parte da Revolta dos Quebra-quilos

Pocinhos é acusada de fazer parte da Revolta dos Quebra-quilos

O Quebra-Quilos foi um movimento popular iniciado na Paraíba, em outubro de 1874, e que se opunha às mudanças introduzidas pelos novos padrões de pesos e medidas do sistema internacional, recém introduzidas no Brasil.
Praticamente sem uma unidade, e sem liderança, a revolta logo se alastrou por outras vilas e povoados da Paraíba, estendendo-se para outros estados.

Em Campina os revoltados além de quebrar pesos, balanças, litros e outras medidas, arrobaram a Cadeia pública, soltando os presos e destruindo arquivos públicos, levando o imperador Dom Pedro II a mobilizar tropas da Guarda Nacional para conter as ações impetuosas cometidas pelos quebra quilos.

Em Pocinhos, vários cidadãos são presos e conduzidos até Campina Grande. Sob a alegação de que no dia 21 de novembro anterior, o povoado teria sido palco de distúrbios ligados à revolta.

Para alguns historiadores local, isso dificilmente corresponderia à verdade, pois o povoado ainda não tinha feira. Foco e estopim do movimento, em outras localidades.

Veja o que diz Irineu Joffily a respeito do ocorrido:

..."o capitão, hoje coronel, Pirajibe, foi destacado com um piquete de cavalaria até Pocinhos. Era um dia de domingo, a população achava-se reunida para ouvir missa, quando foi repentinamente invadida e ocupada toda a povoação pela dita força. O capitão Pirajibe dispôs os seus soldados em um círculo na Praça e mandou que para ela entrassem todos os habitantes. Fez a sua escolha, dando liberdade aos velhos e valetudinários, e apurando uns quarenta homens dos que lhe pareceram mais robustos, ordenou que fossem amarrados com cordas de caroá, e assim conduziu-os até Campina (20 quilômetros), onde foram lançados na cadeia. Convém advertir que os habitantes dessa povoação não tomaram parte na sedição".

O testemunho de Joffily não deixa de ser confirmado pelo Relatório do Coronel Severiano da Fonseca:

"No dia 27 fiz partir uma diligência ao mando do capitão Piragibe em direção a Mares-Pretos, com ordens terminantes para prender os homens indicados por autoridades daquele lugar e de outros que o rodeiam, como sejam Pedra do Galo, Catolé e Pocinhos, e ao mesmo tempo proceder um rigoroso recrutamento."

No caminho, os presos foram submetidos ao suplício do (colete de couro), que consistia em envolver o tórax do sujeito com uma faixa de couro cru que havia sido demolhada por dois dias. Conforme andavam, o sol fazia o couro encolher a espremer costelas, coração e pulmões.

Os fracos morreram pela estrada e se ignora quantos chegaram com vida a Campina Grande na noite do dia 27. Outros faleceram na cadeia. Os sobreviventes foram engajados à força, sendo levados para servir o exército em províncias remotas, no sul ou na Amazônia, sob as piores condições. Não se conhece nem um deles que tenha conseguido voltar a Pocinhos. Depois de abafar a revolta, Coronel Severino da fonseca foi agraciado com o título de Barão de Alagoas.

Fonte:

JOFFILY, Geraldo Ireneo. O quebra-quilos. Brasília: Thesaurus, 1979. pp. 119-120

RIBEIRO, Roberto da Silva. Pocinhos: O Local e o Geral. 2ª Edição. Campina Grande: RG Editora, 2013, pp. 67-68.

ARAÚJO, Carlos Eduardo Apolínário. Retalhos Históricos de Pocinhos: Histórias que transcendem o tempo. Pocinhos-PB: I9 Comunicação, 2020, pp. 64-65.